Solo Talks EP05: Pandemia e o comportamento das marcas nas redes - parte 01

com Luis Henrique Rauber

Neste episódio do Solo Talks, Henrique Sommer conversou com o professor e pesquisador Luis Henrique Rauber, que possui um amplo estudo sobre mídias sociais e comunicação digital. E falaram sobre o momento de pandemia e sobre como isso está impactando nas mídias digitais e o comportamento das as marcas e influenciadores nas redes. 

Papel das mídias sociais na pandemia

Luis: Hoje, as mídias sociais podem ser extremamente úteis ou para atrapalhar bastante. Não existe uma receita de o que fazer e como fazer. Tem um monte de gente que acha que é fácil de criar conteúdo para rede, porque é fácil gerar conteúdo com pessoa física, mas existe uma dificuldade de entender que as redes elas não são tão simples assim. Elas têm muitos pontos positivos e negativos, mas os negativos não são as redes e sim as pessoas que não usam elas de maneira adequada. É preciso entender quais combinam melhor com a sua marca e aí, entendendo essa situação, pensar qual delas o seu público está presente e então se profissionaliza dentro dessa. Não adianta querer partir para dez plataformas diferentes e fazer todas elas mais ou menos, acho que é importante ser profissional em uma e depois passar para outras à medida que se perceba a necessidade. 

Existe a melhor rede social para o meu negócio?

Luis: Se a gente fosse falar em uma “melhor” rede hoje, seria o Instagram. Não porque ela é melhor que as outras, mas porque ela é um espaço onde as pessoas estão muito mais simpáticas a novos conteúdos. O Instagram não a maior rede, ela tem mais de um bilhão de usuários, junto com o Tik Tok que já está quase com esse número, enquanto que o Facebook, em alguns lugares se fala, que já chega a quase três bilhões. Mas o Facebook está com uma decadência interessante. Imagina, decadente com quase 3 milhões de usuários? Mas sim, decadente no sentido de que as pessoas estão gostando menos de estar dentro daquele espaço.

 

Então, no meu ponto de vista, eu diria para as todas as marcas hoje estarem presentes no Instagram e que elas devam permanecer também no Facebook. Porque a tia está lá, a avó está, o pai e o cachorro estão, está quase todo mundo lá (risos). E, provavelmente, permaneceram ainda por um tempo, não gerando tanto conteúdo, mas, de vez em quando, consumindo. Então, foco no Instagram e no Facebook e em uma das outras redes que são mais ninchadas, se eu estiver falando design interiores, por exemplo, seria, talvez, o Pinterest ou se eu estiver falando de moda e maquiagem, seria, talvez, o Tik Tok. 

Enfim, é preciso fazer essa avaliação, olhar para características do meu negócio e identificar o que eu faço, o que eu vendo, quem é meu cliente, que é o meu possível cliente, quem eu quero que seja no futuro e identificar onde é que essas pessoas estão. Além disso, olhar marcas concorrentes que vendem os mesmos produtos que eu ou similares, e ver onde essas marcas estão inseridas. Tudo isso para tentar identificar onde eu tenho ou terei mais acessos e engajamentos. 

Que tipo de conteúdo eu produzo?

Luis: Assim que defino o público eu me pergunto: que tipo de conteúdo eu produzo? Pode ser produções audiovisuais mais esteticamente finalizada ou mais realistas, pode ser aqueles filtros e instagramaveis, perfeitos, coloridos, lindos e maravilhosos, mas falsos. Ou pode ser pessoas reais que estão com pouquinho de olheira, que a foto não está 100% perfeita, mas é realista e que a pessoa que vai ver pode dizer: “nossa, ele é que nem eu, ele é de verdade.”. Então eu preciso olhar muito da parte de autenticidade e identidade, porque isso é muito relevante.

 

A gente pode aplicar isso para grandes empresas e também uma pequena empresa. Isso que é a coisa legal das redes sociais, uma empresa como a coca-cola tem as mesmas ferramentas que um pequeno supermercado do interior do Rio Grande do Sul. Estranho isso, né. Mas a função é a mesma. Claro que a retaguarda é muito importante, o plano de marketing, um plano de comunicação, a mão de obra para fazer tudo. Mas a gente tem visto cada vez mais pequenas marcas tendo bastante sucesso dentro das redes, pois elas têm uma organização que faz o conteúdo ser interessante, mesmo que não seja totalmente profissional. E a prova desse sucesso da importância do backstage e do making off da coisa, é a gente ver empresas com Louis Vuitton, Gucci e Balenciaga fazendo vídeos que, num primeiro momento, parecem amadores e uma brincadeira, mas que por trás daquilo tem todo um planejamento complexo dessas grandes marcas de tentarem se humanizar e isso já vem antes do covid.

 

Henrique: É engraçado isso, agora mais do que nunca a gente está dentro da casa daquelas pessoas que só víamos nos palcos ou nos filmes. E as marcas também estão vendo isso, que é a hora de aproximar essa comunicação.

 

Luis: Sim, é uma super mudança no mercado publicitário e o mercado como um todo, que vai precisar se modificar. Os profissionais foram obrigados a fazer coisas com uma velocidade em que a previsão era, talvez, 2 anos, 5 anos, 10 anos. E está tendo que fazer, agora, uma quantidade de otimizações e de mudanças que, sim, estavam previstas, mas estavam previstas para um prazo muito maior. A minha intenção como professor universitário é de sempre ver o lado mais positivo para aprender com isso. É de tentar identificar que mesmo com essa complexidade toda, essa situação triste que a gente está vivendo, o aumento do consumo de mídia é interessante. Eu vejo isso como um ponto positivo, inclusive de usar a tecnologia como apoio para nossa vidas.

 

Credibilidade, mais foco no valor do que no produto.

Luis: A transformação digital acontece no espaço online, mas também no offline. Porque é importante a gente pensar que nem tudo são redes sociais quando se fala em comunicação digital e marketing digital, mas, sim, a comunicação como um todo. Se a gente for pensar uma mudança online, vamos ver as marcas ficando mais atentas em quem está  representando elas. Quem é o seu influenciador? Quem é a pessoa que está escrevendo sobre ela? Quem é o porta-voz dessa marca? E que, hoje, não vai ser mais um influenciador conhecido com milhões de usuários, vai ser o seu funcionário que está em um vídeo falando sobre ela. Então esse porta-voz tem muito destaque também, a responsabilidade social ganha mais força nesse espaço online, porque as pessoas estão interessadas muito fortemente em saber que aquela marca está apoiando alguma causa social. Com isso, fica muito claro que o foco tem que ser muito mais valor do que no produto.

Agora vamos pensar no offline. No online eu consigo gerar estratégias para usar o potencial que essas redes para abarcar e impulsionar um conteúdo e um posicionamento, mas pensando no offline, hoje eu tenho a dificuldade de encostar na coisa, no cartão de crédito, na maquininha, de ter que tirar dinheiro para pagar minha conta. Então, hoje, um super destaque são os contactless, por exemplo, que fazem o pagamento por aproximação e os QR Code. 

Eu diria que as empresas, hoje, precisam ser autênticas, porque se elas não forem, vão ficar para trás e não vão ter credibilidade. Se fala muito naquela lógica da empresa quer ser verde, mas não é não é verde as coisa nenhuma, ela só estava querendo entrar na onda. Um exemplo disso é a lógica desse mercado vegano, que tem algumas que só entram na moda e na realidade não tem propósito.

A comunicação não está mais só no “p” da promoção, ela está em vários outros aspectos que precisam ser trabalhados em conjunto, principalmente para seguir a identidade da marca.

É importante olhar não para a forma de eu vender e de informar, mas para a forma que eu trato o meu público interno. Isso é muito importante hoje, porque é quem vai me apoiar e vai levar a força da minha marca para o reconhecimento público. O meu funcionário ou colaborador é o que vai realmente me dar apoio nas dificuldades e no sucesso, porque todos na realidade querem que as suas empresas e seus vínculos tenham sucesso. E o sucesso é conseguir pagar os salários de todos os funcionários e seguir adiante em meio a crise.

Henrique: Tem uma coisa que eu li que me chamou atenção que era: “credibilidade é a coisa mais importante na era da informação”. E eu acho que conversa bem com que tu está falando, não tem escapatória, tem que transmitir credibilidade se não tu não vai comunicar.

Luis: Isso muito relevante no mercado de hoje, é um aprendizado para as empresas entenderem que o valor agregado é o que se destaca. O papel da comunicação é muito importante e está ficando mais ainda, porque a comunicação pode trazer benefícios e informações sobre um produto ou um serviço e quanto mais ela conseguir destacar qualidades reais, mais chance ela tem de gerar conversão, que no fim o que todas querem.

 

 

Siga o Luis nas redes em @louisrauber e facebook.com/louisrauber

Apresentação e edição: Henrique Sommer

Pauta: Guilherme Rohr

Gravação: Single Produtora

 Arte: David Rabello. 

Críticas e Sugestões escreva para contato@solo.vc.

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